Iara Meiri de Melo Moura Silva, 40 anos, mãe de dois filhos, começou a trabalhar no mercado de reciclagem há mais de 20 anos junto da mãe, que veio do Nordeste aos 17 anos para o Rio de Janeiro. Iara é mais uma das lideranças femininas em cooperativas de catadores (as) do Estado do Rio, na Cooperativa Beija Flor. Por trás do amor pela profissão, sempre há uma história de muita garra e inspiração da família que, em geral, trabalha muito unida, ensinando o ofício da catação e triagem para outras gerações.
Trabalhar na reciclagem não é suficiente para garantir o sustento dos filhos. Portanto, Iara concilia o trabalho na cooperativa com a profissão de cabelereira. Com a falta de abastecimento de novos materiais e os desafios que são enormes, muitos jovens não desejam seguir no mercado. A filha de Iara, Thaismara de Melo Moura Silva, 23 anos, é a presidente da Cooperativa Beija Flor e, o seu filho de 18 anos, estuda Tecnologia da Informação. Muitas mulheres encontram na cooperativa um espaço de acolhimento e aprendizado que vai muito além do trabalho de reciclagem.
“Tem mulheres que começaram juntas comigo na cooperativa Beija Flor e nós nos tornamos uma grande família. Conversamos também sobre educação sexual e orientação sobre a educação dos filhos”, comenta Iara sobre o fortalecimento da solidariedade e sororidade tão importante entre as mulheres nos dias de hoje. Na Cooperativa Beija Flor, todos estão conectados com o mesmo objetivo, que é ver o crescimento das pessoas. Ela retrata os desafios como a escassez de material e o valor das toneladas de plástico. “Aqui, recebemos 1 a 2 caminhões por semana de coleta seletiva da Comlurb, mas é preciso mais”, enfatizou.
Iara desabafa contando as dificuldades sobre o mercado, especialmente, durante a pandemia. “As grandes empresas deveriam ser penalizadas se não cuidassem de logística reversa. Muitas áreas industriais com firmas grandes não querem doar o material e seguimos com diversos atravessadores”. Permanecer no mercado de reciclagem exige muita união dos grupos de catadores e engajamento dos profissionais no Movimento Nacional de Catadores, na luta para obter as licenças da FEEMA, etc. “A triagem dos materiais depende de muita observação dos catadores no dia a dia. O meu grande desafio é estruturar a cooperativa para crescer, comprar um caminhão, poder ampliar o número de cooperados”, conclui.