O mercado de reciclagem no Rio de Janeiro não é para amadores. E quem está à frente da gestão de muitas cooperativas são mulheres empreendedoras. No contexto da pandemia, em especial, é preciso se adaptar, experimentar novos processos, arriscar-se para gerar mais negócios. Vamos conhecer mais uma história de mulheres inspiradoras que lutam pela valorização do serviço ambiental prestados pelos catadores.
“O lixo mudou de lugar. Com a pandemia, os resíduos saíram das empresas e foram para a casa das pessoas. O carro chefe hoje são os condomínios. O carro chefe hoje são os condomínios. Precisamos fazer cinco rotas de van para conseguir o mesmo volume de resíduos transportados por um caminhão. Crescemos de 14 para 32 cooperativados. Na verdade, somos uma eterna start up, pivotamos todo o tempo”.“.
A declaração é da cofundadora da Cooper Ecológica, Clarisse Aramian, que lidera a cooperativa há 7 anos onde trabalham 17 mulheres. Clarisse, graduada em Geografia e filha de comerciantes, recorda como se interessou pelo mercado de reciclagem. Ao assistir uma palestra na faculdade sobre gestão de resíduos no Rio de Janeiro, se surpreendeu ao ouvir que a reciclagem era um mito. “A reciclagem era uma oportunidade de trabalho, no bairro de Jardim Gramacho, onde quase 40 mil pessoas dependiam do lixo para viver. Gerações inteiras viveram do lixão durante mais de 30 anos. Mais de 10 mil toneladas eram despejadas por dia no maior lixão da América Latina”, comentou.
Pós-graduada em Direito Ambiental em 2012 e mestre em Engenharia Ambiental pela UFF, a líder comunitária decidiu junto com um amigo de infância, o Paulinho, e mais cinco colegas fundar a cooperativa em 2014. Um dos grandes sonhos era motivar os catadores a trabalharem como cooperativados e estruturar melhor os processos da cadeia de reciclagem. “Quando nos tornamos cooperados, ganhamos responsabilidade”, destaca sobre a força do coletivo em prol do desenvolvimento das pessoas e da comunidade. Clarisse conta que há muitas oportunidades em diversas funções hoje no mercado. “Precisamos de transporte para os resíduos, manutenção de caminhão, recicladores, compactadores, operadores de empilhadeira, etc”, enfatiza.
A Cooper Ecológica acredita na reciclagem também de conhecimentos, na importância de usar as novas tecnologias e trocar experiências com universidades. A ideia é empoderar todos os cooperativados para o seu crescimento pessoal e profissional. “Não tenho dúvidas de que as mulheres podem vencer todas as barreiras e crescer nas atividades em que se propõem a trabalhar “.
A Cooper Ecológica tem uma cooperativada hoje que é responsável pela área comercial, a Rafaela Rebello que é engenheira ambiental, mestranda da COPPE/RJ sobre mineração urbana, economia circular e resíduos de equipamentos eletroeletrônicos. Na área administrativa, eles contam com a Queyla Carvalho, formada em Secretariado executivo. Sempre há oportunidades. Apesar de todas as dificuldades, adquiriram uma empilhadeira usada e uma caçamba RollOn Rolloff nova na pandemia e já tem dois membros querendo ser operadores.
Uma das metas de Clarisse é poder engajar cada vez mais pessoas a mudarem os seus hábitos e adotarem a coleta seletiva em suas casas. Ela conta que os cooperativados estão fazendo a separação do lixo seco e molhado em suas próprias casas há apenas três anos. É dando o exemplo que conseguimos avançar. Sejamos “Clarisse”!”.